Por Jurânio Monteiro*
Que vivemos um ambiente de negócios pouco competitivo além mar já é sabido por muitos, mas para os legisladores e criadores do manicômio tributário brasileiro me parece que não, dada a doentia e promíscua forma de criar novas regras fiscais para todo e qualquer tipo de empresa. E o pior: não há no horizonte, perspectiva de melhorias.
O ano de 2016 começou com um afago na alma das empresas com a postergação do prazo do temido Bloco K (Controle do Estoque e da Produção), porém, como nem tudo são flores, houve a antecipação dos prazos de entrega do SPED Contábil e ECF - Escrituração Contábil Fiscal para maio e junho, respectivamente. E tudo isso, me nada contribui para a melhoria dos negócios das empresas. Absolutamente, nada.
Todas as vezes em que me reúno com gestores da área fiscal e contábil das empresas atendidas por nós, a reclamação é sempre a mesma: muita demanda, poucos recursos (físicos e financeiros). E justificar investimentos para estas áreas é uma tarefa ingrata, pois não há KPI´s que possam ser melhorados e, consequentemente, aumentar os resultados do negócio quando se investe no atendimento ao maníaco tributário denominado Fisco. É o desafio de definir o custo intangível do não fazer.
E neste ambiente desafiador as empresas vivem o velho dilema Tostines: "Fazemos porque é obrigação ou é obrigação porque fazemos?"
Sem saber responder ao certo qual é a finalidade do atendimento fiscal pelas empresas, muitos negócios sucumbem a complexidade tributária e acabam, por muitas vezes, sendo vítimas de si mesmas já que muitas delas acabam por focar em ter mais pessoas para gerar obrigações fiscais e delegam o atendimento ao cliente à sistemas informatizados que trazem a dureza da relação homem-máquina para o ambiente no qual deveria haver a marcação homem-a-homem. Afinal de contas, pessoa compra de pessoa e são os negócios que geram resultados e não a entrega no prazo de uma obrigação acessória.
Diante do cenário econômico esperado para o ano de 2016 torna-se ainda mais urgente às empresas buscarem alternativas para o cumprimento das obrigações fiscais acessórias de modo que tal tarefa não traga desequilíbrio ao negócio visto que, uma vez operante, os prazos e regras fiscais deverão ser cumpridos. E neste caso, soluções sistêmicas ou a terceirização destas atividades poderão trazer maior competitividade e permitir que o negócio se foque naquilo pelo qual fora constituído: gerar resultados.
Não hã como trocar a música neste samba do crioulo doido. Mas se pode escolher com quem dançar.
*Diretor de Serviços da GSW Soluções Integradas - Unidade RS, palestrante, colaborador do blog do José Adriano, especialista em projetos fiscais digitais e participante ativo em comunidades de discussão do SPED desde 2007.
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