POR ANA CAROLINA DINIZ / EDUARDO VANINI

Os avanços da tecnologia empurram o mercado de trabalho para mudanças cada vez mais drásticas e transformadoras. De acordo com uma análise feita pela consultoria Ernst & Young, com base em diversos estudos, até 2025 um em cada três postos de trabalho devem ser substituídos por tecnologia inteligente. Em nove anos, há previsão da possível extinção de profissões operacionais, como operador de telemarketing, caixa e árbitros, e uma maior demanda por carreiras que lidem diretamente com tecnologia de ponta, como designer especializado em impressão 3D e designer de realidade virtual (veja a lista abaixo).

— O mercado, nos próximos anos, aposta em profissionais que têm facilidade de se relacionar com várias culturas e perfis diferentes ao mesmo tempo. O grande ponto para que você tenha sucesso não está ligado necessariamente ao que você sabe e sim a como você consegue interpretar, analisar e interligar os dados disponíveis — afirma Antonio Gil, sócio da área de Gestão de Pessoas da Ernst & Young no Rio.

José Augusto Figueiredo, presidente no Brasil e vice-presidente na América Latina da consultoria LHH, lembra que a robotização é um tópico inevitável neste debate. Segundo ele, todas as forças de trabalho que podem ser eficientemente substituídas por máquinas, uma hora ou outra, deixam de existir.

— É o caso dos caixas de banco, cada vez menos procurados em função dos dispositivos eletrônicos, ou profissionais que cuidavam do check-in em companhias aéreas, uma atividade que foi praticamente toda robotizada — ilustra ele.

Por outro lado, como pondera Figueiredo, carreiras pautadas na interpretação humana e na emoção tendem a oferecer mais segurança neste sentido.

— Dificilmente uma enfermeira, um psicólogo ou um gestor de pessoas será substituído desta maneira — menciona ele.

Mas prever o fim de uma determinada profissão, entretanto, não deve ser necessariamente algo apocalíptico. Na opinião de Figueiredo, cabe ao profissional observar as tendências e se antecipar às mudanças.

— Às vezes, precisamos nos adiantar em dez anos — resume ele. — Temos que estar sempre aprendendo novas tecnologias e observando os caminhos possíveis para aquela área de atuação. A profissão de carteiro, por exemplo, certamente está ameaçada pelo declínio no volume de correspondências. Entretanto, o trabalho com uma empresa de logística está cheio de possibilidades, já que a entrega de compras feitas pela internet só aumenta.

A especialização é o caminho que o profissional deve encontrar para sobreviver, acredita Celso Georgief, especialista em Recursos Humanos e sócio diretor da DSG Brasil. Ele concorda em parte com a lista feita pela Ernst & Young.

— Não acredito no fim da profissão de contador, por exemplo. A função será aperfeiçoada, e este profissional deverá estar capacitado para maior envolvimento com aspectos de auditoria, departamento financeiro e análise de gestão — afirma ele.

Especialista em consultoria contábil, o fundador do Grupo Insigne, Sérvulo Mendonça, também acredita na transformação da profissão, fruto de adaptações educacionais, currículos, formas e modelos de atuação e técnica mais vinculada aos mecanismos tecnológicos.

— Essa afirmação pode fazer com que jovens talentos não busquem as tais profissões — alerta ele.

Para os que têm uma profissão em iminência de extinção, Georgief alerta para a necessidade de um redirecionamento de carreira. E para ontem.

— Este profissional precisa estar atento a oportunidades ou áreas que são atraentes e ter criatividade e coragem para tentar a mudança. Um profissional de coaching poderá ajudar nisso — aconselha.

FUTURO LOGO ALI

Em contrapartida, professores, tão desvalorizados no aspecto financeiro, segundo o estudo, terão dias melhores. Antonio lembra que o ensino passará a ser pontual, atendendo às necessidades e demandas específicas de cada indivíduo, além de haver a consolidação do ensino à distância.

Funcionária da Cultura Inglesa, Vaddie Najnan já vive esta realidade. Professora de inglês desde 2003, ela passou a se dedicar inteiramente às aulas online.

— A vantagem é que consigo organizar os meus horários e trabalhar de casa. No dia a dia não há muito diferença, principalmente para os alunos, que têm rendimento muito bom ao falar, escutar e pensar o tempo todo em inglês — relata ela, lembrando que o seu valor salarial é o mesmo de um professor do curso presencial da empresa.

O jovem que está entrando agora no mercado de trabalho não encontra instituições para prepará-lo para este novo mundo, acredita Tiago Mattos, fundador da escola de atividades criativas Perestroika, especialista em futurismo.

— O sistema que conhecemos hoje foi todo inspirado pelo sistema de educação pública, massificada e gratuita, concebido na Europa. Ele foi criado à imagem e semelhança do contexto profissional da época: a Revolução Industrial. Portanto, as escolas hoje nos preparam para um trabalho em fábricas. As universidades pararam no tempo. A maioria prepara os estudantes para profissões que não existem mais — afirma ele, que consegue ver modelos de aprendizagem que se massificarão em breve:

— Vejo pelo menos três no curto prazo. A aprendizagem móvel (via celular, no momento em que o estudante desejar); aulas em realidade virtual (que nos permite viver situações que seriam impossíveis de reproduzir analogicamente); tutores via inteligência artificial (como o Smart toy Cognitoy), que promoverão uma aprendizagem mais de acordo com a curiosidade do aluno do que com a intenção do professor. Sem falar, claro, no autodidatismo (via plataformas colaborativas ou tutoriais do Youtube) — relata o especialista em futurismo.

Nem as unidades educacionais nem as empresas estão prontas. Segundo a análise da Ernst & Young, atualmente, apenas 27% das empresas acreditam estar preparadas, enquanto menos de 50% das corporações possuem talentos na casa preparados para assumir posições críticas.

— A informação empoderou as pessoas. Hoje, os jovens conseguem comparar organizações sob as mais diversas perspectivas. Aquela estrutura tradicional de organograma está sendo desafiada — diz Oliver Kamakura, sócio da área de Gestão de Pessoas da consultoria, que destaca mudanças ainda na filosofia de vida desta geração:

— A motivação das pessoas para trabalhar oito horas por dia não é mais somente o dinheiro e sim a identificação com um propósito alinhado ao seu objetivo pessoal — salienta.

Antonio Gil Franco, também sócio da área de Gestão de Pessoas da Ernst & Young, acredita que a nova geração de trabalhadores se preocupa muito mais em fazer parte de uma empresa que ela tenha orgulho.

— Um estudo mostra que, em 2025, o indivíduo poderá ter passado por mais de 10 postos de trabalho até os 25 anos. É uma geração que não tem tanto medo de errar e de se expor. Mesmo em um cenário de crise, é muito critica. Eles entendem que o nome deles é importante, querem ter uma legado — explica ele.

  • Elaborador de obrigações fiscais

    A carreira passará por transformações nesta atribuição, já que os cálculos passam a ser automatizados, a partir da integração das informações disponíveis entre órgãos públicos e privados

EMPREGOS QUE SERÃO POPULARES EM 2025

- “Professional triber”: Profissional freelancer, especialista em unir pessoas de diferentes em culturas em torno de um projeto comum. Cada vez mais a diversidade está presente no mercado de trabalho e essa função tem a habilidade de integrar as pessoas para que tenham a melhor performance e harmonia em equipe.

- Professor freelancer: O ensino passa a ser pontual, atendendo às necessidades e demandas específicas de cada indivíduo. Sem falar no incremento do ensino à distância, por meio de tecnologias de vídeo conferências.

- Fazendeiros Urbanos: Aumento da conscientização do consumo e produção autônomas de alimentos orgânicos em áreas urbanas.

- Cuidadores: A diminuição da natalidade e o aumento da idade laboral dos indivíduos vão impulsionar a função dos cuidadores. A elevação da expectativa de vida da população, a aposentadoria tardia e a mudança do comportamento das famílias que passam a ter menos filhos são exemplos que contribuem para esse crescimento.

- Instaladores domésticos especialistas em tecnologia (Smart house): Maior procura por especialistas em casas inteligentes e aumento da demanda por casas automatizadas.

- Designer especializado em impressão 3D: Maior procura por aplicações em 3D. As impressoras facilitam a transformação da ideia em matéria. Exemplos: próteses e impressão de projetos tridimensionais.

- Designer de realidade virtual: Aumento do acesso ao ambiente de realidade virtual, por meio de especialistas na criação desses ambientes. Exemplos: visitas virtuais a museus, países, pontos turístico, etc.

Na opinião de Celso Georgief, especialista em Recursos Humanos e sócio diretor da DSG Brasil, essas profissões também estarão em alta em 2025:

- Perito forense digital

- Especialistas em energias alternativas

- Direito em geral, principalmente Direito internacional e arbitragem

- Analisa de gestão

- Consultoria estratégica

As profissões voltadas para qualidade de vida também estarão em alta, já que as pessoas vão viver mais e cada vez mais se preocupam com a qualidade de vida que terão.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/consultoria-lista-profissoes-que-devem-sumir-do-mapa-em-2025-20132143#ixzz4KvNiblI1 

NOTA DA REDAÇÃO: A Ernst & Young (EY) enviou comunicado afirmando que traduziu erradamente o material utilizado como base nesta matéria. Segundo eles, houve uma imprecisão na tradução do material, pela EY, que utilizou o termo "contador" para a expressão inglesa "tax preparer" (preparador de obrigações fiscais do Imposto de Renda e demais tributos).

Veja a nota na íntegra: Sobre a reportagem "Consultoria lista profissões que devem sumir do mapa em 2025", publicada no Jornal O Globo, de domingo (18/9), baseada em análise da Ernst & Young (EY) sobre as profissões mais afetadas, e aquelas que têm maiores chances de se desenvolver, a consultoria esclarece que houve uma imprecisão na tradução do material, pela EY, que utilizou o termo "contador" para a expressão inglesa "tax preparer" (preparador de obrigações fiscais do Imposto de Renda e demais tributos). O tax preparer é um profissional que hoje atua na extração de informações do sistema da empresa e insere em um sistema específico do Fisco. Acreditamos que esse processo será realizado automaticamente pelo Fisco no futuro.

O posicionamento da EY é que todas as profissões existentes passam hoje por um intenso processo de transformação, o que logicamente engloba a de Contador.

Reforçamos que a crença da empresa é que a contabilidade segue como promissora carreira. Afinal, os contadores do futuro terão o desafio de navegar por novas tecnologias e lidar com uma quantidade de informações sem precedentes - gerada pela Internet das Coisas e pela revolução digital. A estes profissionais caberá a função de extrair, desde o Big Data, os dados mais relevantes e fidedignos em conformidade com as necessidades de cada negócio. Sua contribuição será, portanto, a de sempre conferir inteligência, relevância e transparência para o bom funcionamento das empresas, governos e entidades do Terceiro Setor.



http://oglobo.globo.com/economia/consultoria-lista-profissoes-que-devem-sumir-do-mapa-em-2025-20132143#ixzz4LIR93b4x 

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Comentários

  • Eu concordo com o posicionamento da EY de que "todas as profissões existentes passam hoje por um intenso processo de transformação, o que logicamente engloba a de Contador."

  • Na reportagem, parece que a tradução confundiu "despachante" com "contador":
    NOTA DA REDAÇÃO: A Ernst & Young (EY) enviou comunicado afirmando que traduziu erradamente o material utilizado como base nesta matéria. Segundo eles, houve uma imprecisão na tradução do material, pela EY, que utilizou o termo "contador" para a expressão inglesa "tax preparer" (preparador de obrigações fiscais do Imposto de Renda e demais tributos).

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    Veja a nota na íntegra: Sobre a reportagem "Consultoria lista profissões que devem sumir do mapa em 2025", publicada no Jornal O Globo, de domingo (18/9), baseada em análise da Ernst & Young (EY) sobre as profissões mais afetadas, e aquelas que têm maiores chances de se desenvolver, a consultoria esclarece que houve uma imprecisão na tradução do material, pela EY, que utilizou o termo "contador" para a expressão inglesa "tax preparer" (preparador de obrigações fiscais do Imposto de Renda e demais tributos). O tax preparer é um profissional que hoje atua na extração de informações do sistema da empresa e insere em um sistema específico do Fisco. Acreditamos que esse processo será realizado automaticamente pelo Fisco no futuro.

  • Hilário, simplesmente hilário. Faz-me lembrar de quando lançaram o Simples Nacional e se disse que o pequeno empresário não precisaria do contador. Hoje, ao contrário, nem mesmo o cotador está conseguindo resolver os problemas ligados àquela modalidade de tributação. O que a automação dos processo pode fazer é aliviar o "trabalho braçal" do contador, mas, nunca irá substituir a "cabeça" desse profissional. É possível que o autor talvez não tenha bom conhecimento da área contábil e ainda imagina que o contador é um "despachante". Se essa maldita e excessiva burocracia brasileira for amainada, por isso não ter haver com a profissão já que não nosso objetivo é outro e não resolver burocracias, nos dedicaremos com mais disponibilidade ao nosso foco profissional. O problema é que com o conteúdo burocrático atual de nossa atividade nem a informática está dando conta, nos sobrecarregando além do limite ideal.

  • Contador na lista de profissões que devem sumir do mapa em 2025
    Quanta bobagem. Recentemente relí umas profecias feitas por Hermann Kahn, e nenhuma acontececu.
    Por outro lado, a contabilidade é um ramo da estatística que deve satisfazer várias necessidades conflitantes:
    1) cartorial = meio legal de prova; 2) tributária = base para pagamento de impostos; 3) informações financeiras externas = demonstrações e informações financeiras; 4) informações para gerenciamento da empresa = contabilidade gerencial. Muito mais importante é o alerta de Baruch Lev e Feng Gu no livro The End of Accounting and the Path Forward for Investors and Managers (Wiley, 2016). Quanto à função cartorial ela já é irrelevante, e tributária está se tentando minimizar a sua influencia distorcedora de dados contábeis, restando o papel estatístico da contabilidade (estranhamente com amostragem cem por cento).
    Otto Fuchshuber

  • kkkkkkkk, capaz do e-social não sair até lá.

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